Resenha: Quem é você, Alasca? - John Green

Primeira cerveja. Primeiro trote. Primeiro amigo. Primeiro amor. Últimas palavras.

"Miles Halter vivia uma vidinha sem graça e sem muitas emoções (ou amizades) na Flórida. Ele tinha um gosto peculiar: memorizar as últimas palavras de grandes personalidades da história. Uma dessas personalidades, François Rabelais, um escritor do século XV, disse no leito de morte que ia em “busca de um Grande Talvez”. Para não ter que esperar a morte para encontrar seu Grande Talvez, Miles decide fazer as malas e partir. Ele vai para a Escola Culver Creek, um internato no ensolarado Alabama.  Lá, ele conhece Alasca Young. Ela tem em seu livro preferido, O general em seu labirinto, de Gabriel García Márquez, a pergunta para a qual busca incessantemente uma resposta: “Como vou sair desse labirinto?” Inteligente, engraçada, louca e incrivelmente sexy, Alasca vai arrastar Miles para seu labirinto e catapultá-lo sem misericórdia na direção do Grande Talvez. Miles se apaixona por Alasca, mesmo sem entendê-la, mesmo tentando sem sucesso decifrar o enigma indecifrável de seus olhos verde-esmeralda."

"Looking for Alaska" é o primeiro livro de John Green, lançado em 2005. Cá entre nós, pode ser que eu já tenha falado isso de algum outro livro e juro que não é mania, mas realmente, o modo que a história é construída em Quem é você, Alasca?, contando com a linguagem, piadinhas e metáforas, faz com que você nem perceba o tempo passar enquanto lê, seja pelo quanto que está envolvido no novo mundo de Miles Halter ou pela curiosidade de saber o que vem pela frente. O livro te surpreende e te faz querer mais a todo momento.

Logo no início, temos o seguinte cenário: um jovem que adora memorizar últimas palavras, aparentemente desgastado pela vida que vem levando, com uma interessante vontade de buscar "um Grande Talvez" e indo para Culver Creek, um internato no Alabama, onde seu pai estudou anos atrás. Miles não faz ideia ainda, mas sua vida mudará completamente, porque é justamente no novo lugar que ele consegue se arriscar e fazer coisas novas, talvez coisas que nunca imaginou que faria.
"Chega uma hora em que é preciso arrancar o Band-Aid. Dói, mas pelo menos acaba de uma vez e ficamos aliviados."
Miles tem um colega de quarto, Coronel (Chip), logo que se conhecem, ele passa a ser chamado de Gordo, um apelido irônico dado por essa pessoa que o apresentaria a uma nova vida e com quem Miles construiria uma grande amizade cheia de particularidades. Além de Coronel,  Takumi, Lara e claro, Alasca, entram em sua vida, seria inevitável não dizer que em vários momentos, nos sentimos um pouco como cada um deles, mas principalmente, um pouco como ela. Apesar de cada personagem contar com seus pontos cativantes, não dá para negar que Alasca chama muito atenção. Da mesma forma que não tem como negar isso, também não dá pra explicar bem o motivo, talvez seja seu jeito, impulsivo, extrovertido, as mudanças de humor, o mistério em relação a sua história, não sei ao certo, mas é difícil não querer descobrir cada vez mais sobre essa personagem, que sem dúvidas, carrega o peso do livro.
“Ela tinha namorado. Eu era um palerma. Ela era apaixonante. Eu era irremediavelmente sem graça. Ela era infinitamente fascinante. Então eu voltei para o meu quarto e desabei no beliche de baixo, pensando que, se as pessoas fossem chuva, eu seria garoa e ela, um furacão.”
Não pense que tudo gira em torno dela, apesar de Alasca levantar muitos pontos essenciais para a história, não podemos deixar escapar outras questões importante que também aparecem, como o sentido da vida, a forma como cada um encara a dor e os problemas, família, relacionamentos, amigos, questões do passado não superadas e a morte, que acredito ser um dos assuntos mais difíceis de se discutir.
“Eu queria ser seu último amor. Mas sabia que não era. Sabia e a odiava por isso. Eu a odiava por não se importar comigo. Eu a odiava por ter me deixado naquela noite. E odiava a mim mesmo por tê-la deixado ir embora, porque, se eu tivesse sido suficiente, ela não teria querido ir embora. Simplesmente teria se deitado comigo, conversado e chorado. E eu a teria ouvido e teria beijado as lágrimas que caíam dos seus olhos.”
A divisão dos capítulos é feita por uma contagem, a de dias antes de um grande acontecimento e a de depois. Conforme você vai lendo e percebendo o número de dias diminuindo, imagina inúmeras coisas que poderiam acontecer, mas quando o dia chega, acredite, é difícil digerir o que acontece e principalmente, na maneira como acontece. Sem spoilers, não é? hehe É basicamente um ponto do livro em que você precisa de respostas, da mesma forma que os personagens, logo, a busca deles por simplesmente um motivo, de certa forma se torna nossa também!
"Quais são as regras deste jogo e qual é a melhor maneira de jogá-lo?”
Talvez esse livro também seja adaptado para os cinemas, até agora, as adaptações de livros do John Green estão dando certo, esperamos que esse seja o caso de "Quem é você, Alasca?" também. Vale a pena a leitura!

"Passamos a vida inteira no labirinto, perdidos, pensando em como um dia conseguiremos escapar e em como será legal. Imaginar esse futuro é o que nos impulsiona para frente, mas nunca fazemos nada. Simplesmente usamos o futuro para escapar do presente."

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