Abrace os finais

Queria escrever uma boa carta de final de ano para você, te dar esperanças para um ano melhor e dizer que ainda estou aqui, firme e forte lutando para construir algo bom, que vivo na correria, mas que ainda assim lembro de você e torço por cada passo teu. É, queria te escrever algo que arrancasse um belo suspiro, quem sabe uma lágrima, de qualquer forma, queria, de alguma maneira, te trazer para perto de mim e falar tudo o que você está prestes a ler. Quer saber qual é a verdade?

Não aguento mais te escrever. Acabou a luz e minha bateria está em seus últimos suspiros. Eu tentei fugir de todas as formas de pensar, sobre qualquer final,  mas você sabe como é, não é? A luz acaba, a bateria também, sem redes sociais, sem qualquer coisa que carrega o costume de te entreter dia após dia. Aí, é inevitável fugir de reflexões que normalmente só fazemos em datas especiais de final de ano, foi nesse meio em que você surgiu na minha mente, em que tudo surgiu.

Não sei se foi naquela música que coloquei do Oasis, James Blunt, Legião, se foi ouvindo as antigas do Justin Timberlake, Maroon 5 ou Tiê, a verdade é que minha playlist nostálgica está tão bagunçada quanto eu. Imagina que merda? Acabar a luz perto do final do ano por horas, você só ter o word e suas músicas antigas? Sendo assim, poderia estar escrevendo sobre outra coisa, pegando o violão para tocar qualquer música que me ligasse com tudo isso, não com você.

Fugi da saudade tanto tempo, fiz da distância uma falsa parceira, com quem tento lidar, mas na verdade não sei ou pelo menos achei que não soubesse. A verdade é que percebi que menti quando disse que odiava finais, quando odiava ter te perdido. O que eu mais detestei é ter me perdido depois de tudo o que aconteceu. Me odiei com a depressão, com cada remédio, me odiei sem saber lidar com cada coisinha que já tinha acontecido, simplesmente por não abraçar um final para receber de peito aberto um novo começo.

Ah, dói. Você sabe que dói. Doeu quando foi com você, quando foi com Maria, João, Paulo ou Pedro. Doeu para todos eles, ainda vai doer para mais pessoas e talvez seja sempre assim. O final dói. Esse ano de 2016 foi cheio dos finais e talvez seja uma boa hora para por um em tudo isso. Não sinta culpa, raiva, nem nada, só abrace tudo o que aconteceu, bem apertado e deixe ir. Me deixe ir.

Parece que não, mas deixa que pela manhã, não importa qual ela seja, você se dará conta de que um dia achou que nada iria mudar, que não imaginava sua vida totalmente diferente, mas que é grato por ter conseguido coragem para seguir em frente e construir uma nova realidade, onde, no mínimo, você sente que está sendo mais sincero consigo mesmo. É justamente o que estou tentando fazer, por mais que você, com esse super ego de quem sabe tudo, bata o pé julgando o que é melhor para o meu caminho ou não.

Só percebi que um dia talvez esses problemas do presente não tenham a mínima importância. Você acha que não vai superar? Talvez daqui um tempo sua vida já tenha muitas outras preocupações e coisas para ocupar sua mente. Não fique estático. Lide com isso. Aceite o abraço do nosso final, aceite o abraço de cada pessoa e deixe ir, nós sabemos que muito ainda está por vir e que, às vezes, você sente que está dando dois passos para trás, regredindo, quando na verdade está em meio a sua melhor preparação para seguir em frente.

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